24 de nov. de 2009

24/09/2009

Abriu os olhos ainda meio tonta e pensou seriamente em passar o resto do dia na cama até tudo passar. Mas lembrou de todas aquelas coisas por fazer, reuniu todas as suas forças e foi tomar banho. Enquanto estava no chuveiro tentou reorganizar os pensamentos e aos poucos foi lembrando tudo o que tinha acontecido e de onde tinha vindo toda aquela dor de cabeça.

Copos vazios, pontas de cigarro, pessoas formando um circulo, outras esparramadas em um sofá. Todas aquelas coisas que ela um dia havia condenado tanto, de repente se tornaram tão atrativas aos seus olhos, uma espécie de glamour decadente com direito a esmalte descascado e marca de batom no cigarro.

Enquanto deixava a agua escorrer por seus cabelos, tentou remontar metalmente exatamente o que tinha acontecido na noite anterior, lembrou dos garotos, dos espelhos, dos chocolates e das cadeiras; lembrou das risadas, das lágrimas, do medo e da excitação; das mãos, dos lábios e dos tremores.

E enquanto se vestia, com as pernas ainda bambas, pensou: Merda de cachaça! Nunca mais volto lá...

22 de nov. de 2009

Sobre caminhos e voltas II

Eram oito horas da noite quando decidi viajar, arrumei minhas coisas e às onze eu já estava pegando a estrada. Foi muito melhor do que qualquer coisa que eu poderia imaginar, mas o fim de semana chegou ao fim e mais uma vez tive que pegar o caminho de volta.
Quando cheguei em casa era noite e caía uma chuva fina e fria, senti falta dos seus pés quentes tocando os meus, da sua mão segurando a minha, do seu abraço protetor durante o sono, do jeito como me puxa mais pra perto me fazendo esquecer do escuro lá fora, de acordar do seu lado e guardar na memória cada pedacinho do seu corpo, sinto falta das conversas sussuradas no ouvido, do seu cheiro, do seu colo, da sua voz doce e da expectativa de te encontrar em toda esquina.
Mais uma semana está começando e junto com ela a velha contagem regressiva. E eu fico aqui, tendo a saudade como companheira, até o dia em que eu possa de novo encontrar o calor das suas mãos.


Eu só aceito a condição de ter você só pra mim
Eu sei não é assim, mas deixa eu fingir e rir.'

20 de nov. de 2009

Luna Mendes

Desde que o Dandara foi criado eu escrevo aqui as coisas que eu sinto e que acontecem comigo, ou seja, o blog é formado por experiências minhas, mas justamente por ser tão meu eu já deixei de postar alguns textos aqui por não serem tão sobre a minha vida assim.
Há algum tempo eu escrevi um texto e não postei aqui justamente por esse motivo, então eu decidi criar aqui no blog um espaço, na verdade um personagem que "escrevesse por mim" e por mais meus que esses textos sejam, agora é Luna que os assina. ^^

15 de nov. de 2009

' Cuide de você

Hoje fui ver a exposição de Sophie Calle (cuide de você) que eu tava doida pra ver desde que chegou em Salvador. Estava morrendo de curiosidade para ler a carta que merecia uma exposição e assim que cheguei no MAM fui direto pra o lugar onde as cópias estavam guardadas. Quando terminei de ler confesso que senti inveja, não do término do romance e da forma como terminou, mas sim do amor. Enquanto eu estava lendo as interpretações das mulheres, queria encontrar alguma que eu pudesse dizer "é minha", ou então "se fulaninho terminasse comigo eu me sentiria assim", mas nem as versões mais frias se encaixavam, imagine então aquelas que diziam que ele ainda a amava...
Não era que eu queria ficar triste lembrando de alguém, mas é que as vezes eu me sinto tão fria, tão vazia, que eu queria ter alguém pra pensar, nem que fosse com tristeza ou saudade. Sophie Calle me destruiu. Não por ter me sentido em seu lugar, mas por me fazer sentir mais vazia ainda.
Depois de ver a exposição, fui passear pelo museu e resolvi descer pra ver o mar, foi um pouco depois do pôr - do - sol, então tinham muitos casais sentados juntinhos olhando o horizonte ou só conversando mesmo, na hora pensei em dar meia volta e ir embora mas decidi ir em frente, algum dia eu tinha que aprender a enfrentar casais, ainda que fossem tantos de uma vez. Fiquei um tempinho entre eles olhando o mar e tentando imaginar quem eu gostaria que estivesse ali comigo, mas simplesmente não me veio ninguém na cabeça e isso sim me deixou triste. O que a exposição não tinha conseguido fazer, o mar e todos aqueles casais conseguiram. Me senti extremamente só.
Li e reli a carta, tentando achar algum sentido pra mim, mas aquilo só foi piorando. Fiquei um tempinho sem nem conseguir organizar meus pensamentos, as coisas só começaram a voltar ao normal quando eu estava no ônibus de volta pra casa, porque foi quando eu fui esquecendo a exposição, as perguntas e as sensações que ela me provocou. Foi quando eu voltei a fingir que tava tudo bem e que eu não preciso de nada disso.
Normalmente funciona.
Ainda bem...



10 de nov. de 2009

Sobre caminhos e voltas

O caminho de volta normalmente parece ser o mais rapido, porque já não tem mais ansiedade, expectativas e planos. Mas em algumas situações ele pode ser até mais longo, mais triste e mais dificil.
A viagem me dá tempo pra pensar em tudo o que aconteceu e nas coisas que estão ficando pra tras. São bancos, praças, fotos e música, violões, pandeiros, luas e sofá. Deixei tudo lá esperando a minha volta, prometida pra breve. Mas tb levei coisas comigo, levei a lembrança de uma voz doce, uma incerteza e talvez algum sentimento de culpa, também trouxe uma vontade enorme de voltar, uma vontade que eu já não sentia há muito tempo. Cheguei em casa renovada, com antigas lembranças guardadas bem no fundo de algum lugar, enquanto essas novas assumiam seu posto. Minhas vontades deixaram de ser destinadas para aquele mesmo lugar e agora tomam outros rumos. Não quero mais nada cuidadosamente preparado, só quero voltar e deixar fluir. Planejar é deixar tudo muito previsivel e o que eu menos quero agora são coisas previsiveis, só quero me deixar levar sem me preocupar com o depois, com as possiveis consequencias. Porque o depois a gente resolve outra hora.


E quanto a música que era pro ouvir de vez em quando...
Já perdi as contas de quantas vezes ouvi só hoje.